sábado, 19 de julho de 2008

Bate-papo com Paulo Skaf - Parte 1

O empresário e presidente da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp) bateu um papo com a Casa Hope sobre o terceiro setor, parcerias público-privadas e sobre o perfil do brasileiro socialmente responsável. Para ele, o povo brasileiro traz no DNA a solidariedade e o governo tem se esforçado para “resgatar a grande dívida social do Brasil para com o seu povo.”



Casa Hope - O que o senhor espera da economia do país para 2008? Qual o reflexo dessa economia para o Terceiro Setor?
PS - Esperamos um crescimento maior do que o do ano passado, embora ainda tenhamos alguns gargalos a resolver. Entre os quais a reforma tributária e a questão do câmbio, fatores que inibem a desenvoltura da economia. Quanto ao Terceiro Setor, é claro que crescimento sempre proporciona reflexos positivos.

Casa Hope - Qual a sua percepção em relação a evolução do Terceiro Setor no Brasil? As instituições da iniciativa privada estão, inevitavelmente, realizando um trabalho que deveria ser do Estado? Ou o crescimento do Terceiro Setor é uma tendência natural da nossa sociedade, independentemente da atuação ou não atuação do governo? O brasileiro é engajado por natureza?
PS - A índole do povo brasileiro traz, no seu DNA, a solidariedade. Assim, somos pessoas sensíveis aos problemas do próximo, a nos ajudar mutuamente. Nesse contexto, o Terceiro Setor, no Brasil, sempre existiu informalmente e, hoje, vive um momento de consolidação de seus reais propósitos, do foco correto, da sua estruturação como atividade organizada. Também ficou clara a diferença entre assistencialismo, beneficência e responsabilidade social, algo muito importante para um trabalho com respeito à dignidade humana. Enfim, o Estado tem as suas obrigações para com o povo, entretanto, nós também temos as nossas. Assim, cabe-nos exigir dos governos, em seus três níveis, o exercício ético da administração pública e o cumprimento de suas obrigações sociais, mas, também, é preciso realizar a nossa parte no campo privado. Isso é o que se pode chamar de Responsabilidade Social.

Casa Hope - Na sua opinião, quão significativos são os investimentos do Governo Federal em projetos sociais?
PS - O Governo Federal tem se esforçado, na última década, no sentido de resgatar a grande dívida social do Brasil para com o seu povo. Sem dúvida cresceram os investimentos nas áreas essenciais ao bem-estar, como saúde e educação. Mas, claro, ainda há muito o que fazer nelas e em outras frentes, cuja dinâmica social do País, agrava ou traz novos problemas. A questão da
segurança, por exemplo, hoje é a maior preocupação do brasileiro.

Casa Hope - Iniciativa privada e poder público: essa parceria pode dar certo?
PS - Tem que dar certo, não há outra hipótese. A iniciativa privada e o poder público objetivam um mesmo e maior propósito, o desenvolvimento do Brasil. Assim, precisam se entender e trabalhar, juntos, pela qualidade de vida da população.

Casa Hope - Benefícios fiscais, como por exemplo, realização de doação via FUMCAD (Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) atraem o empresariado?
PS - São instrumentos realmente eficazes para incentivar a participação do empresariado no Terceiro Setor, num país que tem uma das mais altas cargas tributárias do mundo. Mas, não podem ser vistos como o único caminho. A conscientização da responsabilidade social é o mais importante, o que vai gerar o engajamento legítimo e permanente.

Blog da Casa Hope

Nenhum comentário: